segunda-feira, 17 de março de 2014

Carnaval Carioca

O carnaval carioca é caracterizado por duas vertentes: as escolas de samba e os blocos de embalo. As escolas de samba surgiram no início do Século XX e os primeiros desfiles traziam temas ligados à história e à cultura nacional. Os sambistas eram vistos como marginais pela “sociedade” da época, pois se tratava de "gente preta e pobre" das favelas trazendo às ruas sua cultura.
Os desfiles ocorreram em vários lugares antes de chegar a Passarela do Samba. Teve início na Praça Onze, posteriormente passou pela Avenida Presidente Vargas, Avenida Presidente Antônio Carlos, Avenida Rio Branco, todas no Centro da cidade.
Na época era comum a utilização de materiais simples, pois as agremiações contavam com poucos recursos. Por esse motivo sobrava criatividade tanto na confecção de fantasias, quanto na escolha dos temas. Porém com o passar do tempo, à festa foi atraindo a atenção de empresários que só visavam o lucro que ela poderia proporcionar. Em 1984 foi inaugurada a “Passarela do Samba”, popularmente conhecida como Sambódromo, espaço que conta com blocos de arquibancadas de concreto, camarotes e uma praça com um grande arco com formato da letra M. Após a Passarela do Samba o evento cresceu e se tornou um grande espetáculo. Os desfiles, antes voltados quase que totalmente à cultura e à História nacional, foram diversificando os temas apresentados. De empresa de produtos alimentícios à celebridades, a criatividade foi ficando cada vez mais escassa e foi substituída pelo luxo das fantasias e alegorias construídas com a mais alta tecnologia.
O público que, antes em sua maioria era formado por amantes do samba e torcedores das agremiações, foi substituído por turistas que pagam altos valores para assistir as apresentações. Sem falar nos camarotes que tornam a interação entre as escolas e o público cada vez mais distante.
A tradição que nasceu nos guetos e que por muito tempo foi perseguida, hoje se tornou comum à elite. Atualmente os desfiles são considerados o maior espetáculo da terra, milhões são gastos para realizá-los, e as agremiações que em sua maioria tem origem em comunidades carentes, gastam rios de dinheiro enquanto essas comunidades se afundam no esgoto e na falta de oportunidade. Poucas são as escolas que tem algum tipo de projeto social em suas localidades, fato inadmissível, uma vez que as escolas de samba são famosas graças ao peso do nome que carregam.
Os blocos de rua, vertente mais popular do carnaval carioca são mais democráticos do que as escolas de samba. Os desfiles ocorrem pelas ruas da cidade e a participação é gratuita. Entretanto os grandes blocos, que chegam a reunir milhares de pessoas, sofrem com a violência, muitas brigas e roubos ocorrem, sem falar na superlotação, pois os eventos ocorrem em grande parte em ruas estreitas, que somado ao calor do verão carioca, transforma o lazer numa experiência insuportável. O mais indicado a quem busca se divertir num bloco é buscar os menos famosos que não atraem tantas pessoas e os que saem em locais mais abertos num horário que o sol não esteja tão forte.
Esse é o contraditório carnaval carioca que, infelizmente, é tratado com descaso pelo poder público, sendo vendido somente como a grande festa do sexo, o que acaba manchando a imagem da cidade e do país. Caso o evento fosse tratado com respeito muitas pessoas poderiam ganhar com as festividades, sem falar na cultura nacional que poderia ser enaltecida como ocorria no início do Século XX.


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